O mercado de trabalho tem avançado em questão de equidade de gênero, e se transformado com a presença feminina em áreas como a de tecnologia. Se antigamente os setores de tecnologia da informação (TI) e telecom, por exemplo, eram profissões tidas como “masculinas”, hoje as mulheres não só trabalham na área, como também ocupam cargos de liderança nos setores – é o caso da Marcela Duboc, diretora global de IS (information system) da QMC, e , com mais de 17 anos de experiência na área.
Aos poucos, as mulheres têm sido inseridas no mercado tech: entre 2014 e 2019, a participação feminina na área de TI aumentou cerca de 60%, segundo levantamento da Capital News junto ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em 2021, as candidaturas delas na área saltaram 22%.
A causa tem apoio internacional, e conta com organizações como a Women in Tech – Mulheres na Tecnologia, que tem a missão de capacitar mais de 5 milhões de meninas e mulheres na área até 2030.
As mulheres do setor ainda enfrentam diversos desafios, sendo o principal deles, na visão de Marcela, ter as diferenças respeitadas e, acima de tudo, potencializadas. De forma a inspirar outras mulheres, a diretora contou sobre sua trajetória de sucesso e citou dicas para meninas e mulheres que desejam começar na área tech – confira na entrevista a seguir.
Conte sobre sua trajetória profissional. Como chegou na QMC?
Sempre trabalhei com tecnologia da informação (TI), especialmente sistemas e suas relações com os processos de negócio da organização. Faço parte da QMC há pouco mais de 4 meses, vinda de uma multinacional de consultoria em que trabalhei por mais de 17 anos.
A vida em uma empresa de consultoria é muito dinâmica, e durante esses anos, atuei com diversos setores, como Telecom, Utilities, Construção Civil, Petróleo, Mineração e Siderurgia. Por isso, a sensação é que trabalhei em diversas empresas, pois em cada novo projeto, nos deparamos com novas relações, novos desafios, novos processos.
É um eterno recomeçar, sempre construindo relações de confiança no seu trabalho. Em um desses projetos, conheci o nosso atual CIO, Javier Martinez, que me convidou para vir para QMC e, novamente, recomeçar. Desta vez com o olhar do cliente!
Quais foram suas maiores conquistas profissionais no mercado que atua dentro da área de tecnologia/telecom? Quais são os desafios?
Tenho uma carreira que considero bem-sucedida e da qual gosto muito. Realmente tenho prazer em fazer o que faço (alguns dias menos, outros mais rs). Mas a maior conquista, na minha opinião, para qualquer mulher em posição de liderança, é ultrapassar a cobrança (nossa, principalmente, e depois da sociedade em geral) e estabelecer confiança em si mesma.
E claro, liderança em áreas consideradas técnicas ou em ambientes não diversos, como em TI ou Engenharia, é especialmente mais complicada. Na minha área, é ainda raro ter mulheres em cadeiras executivas.
O desafio maior vem lá de trás: não somos criadas para caber no modelo padrão do mercado profissional. A mulher é, não raramente, avaliada como agressiva em situações em que os homens são assertivos.
A base disso é que fomos educadas para ponderação, e os homens foram incentivados a decidir, quando, na verdade, tais características não deviam depender do gênero. O desafio é ter as diferenças respeitadas e, acima de tudo, potencializadas.
O mercado está melhorando, está bem melhor do que na época das nossas mães, por exemplo. Mas tem que ser mais rápido. Bem mais rápido.
Tem alguma mulher que te inspire no mercado, qual?
Honestamente? Todas as mulheres que trabalho e já trabalhei, e todas as minhas amigas, que conseguem equilibrar diversos pratinhos o dia todo!
O que diria para uma mulher que está começando na sua área?
À parte dos requisitos técnicos e de conhecimento específico, como domínio das principais ferramentas de gestão, conhecer os processos de negócio e transitar bem entre os 2 mundos – sistemas e processos -, diria para uma mulher que está começando em qualquer área que não precisa se encaixar em nenhum formato pré-definido! Qualquer caminho que lhe faça bem é o caminho certo.
O mundo corporativo está carente de diversidade, de olhar diferente. Ter uma carreira pode ser tão importante quanto criar uma família, se isso for o seu plano, mas não se esqueça de que esse último é um papel a ser compartilhado. Ninguém deve carregar o piano sozinho.
