Até julho de 2022, a expectativa é de que o 5G esteja disponível em todas as capitais brasileiras, de acordo com a Anatel. Mas para muitos especialistas no setor de telecomunicações, para que a 5ª geração das redes móveis entregue a melhor qualidade e velocidade de dados, será necessário aguardar de 2 a 3 anos, ou mais.
“É o momento em que as redes são construídas e aprimoradas, as soluções são testadas e lançadas, e, em seguida, vem a bonança, com o mundo que a tecnologia do 5G pretende entregar. Então teremos uma experiência muito melhor com novos serviços digitais, realidade aumentada e virtual, e carros autônomos. Haverá ainda crescimento na demanda e velocidade de dados nas áreas de logística, agricultura e mobilidade urbana, com o IoT permeando praticamente tudo que fazemos e vemos”, afirma André Machado, Head Latam da QMC.
No fim de 2021, conversamos com André Machado sobre o balanço do seu primeiro ano de gestão dos países da América Latina, após mais de oito anos à frente da operação no Brasil. O executivo, que conta com uma bagagem de 27 anos de experiência em telecomunicações, conversou com o nosso blog novamente sobre as principais tendências do mercado para 2022. Confira!
É impossível não falar de expectativas para 2022 sem mencionar o 5G. Além das três operadoras conhecidas – Claro, Vivo e Tim, que arremataram os principais lotes nas frequências 3,5Ghz -, quatro novas empresas também foram autorizadas a fornecer o 5G no Brasil. Como você avalia a entrada de novos players neste mercado?
Ter novos players é saudável para o mercado, e é muito interessante acompanhar a estratégia deles neste segmento tão desafiador. Após o fim da pandemia, o mundo será cada vez mais digitalizado, e vamos precisar de muito mais infraestrutura de telecomunicações. Por isso, nossa estratégia é a de nos fortalecer como uma empresa de infraestrutura neutral host, sempre ajudando na construção das novas redes. Por outro lado, evitar competir com nossos clientes, e continuar a desenvolver soluções e produtos em que temos expertise para tal. Com o 5G, temos inúmeras possibilidades de expansão de negócios.
Como a QMC está se preparando para o 5G?
Para nós, o 5G significa uma avenida de novas oportunidades nas áreas em que já fazemos muito bem. É o mesmo carro, na mesma direção, com os mesmos hábitos de dirigir – não vamos mudar nossa estratégia. A QMC praticamente inventou o mercado de indoor neutral host no Brasil no início da última década, e já faz a mesma coisa com o mercado de SLS há quase 4 anos. Inclusive, esse termo, SLS – Street Level Solution – está nas nossas apresentações de 2018, quando ninguém sequer usava tal menção para Small Cells. E o 5G, além da rede macro, demanda muito indoor e densificação no nível da rua.
Pode demorar um pouco para a nova tecnologia se desenvolver por completo, mas o 5G vai cumprir o que ele promete, entregando uma grande transformação digital.
Claro que, como tudo que é novidade, existem dúvidas e preocupações, e elas demoram um pouco para se disseminarem, mas vai chegar tudo aquilo que a tecnologia promete: um mundo totalmente novo. Estamos animados e muito preparados para os próximos desafios.
Em 2021, acompanhamos de perto as tendências do mercado de telecomunicações com temas relacionados à MVNO, redes privadas, OpenRAN e outros assuntos que até noticiamos no nosso blog. Como você observa esses temas e a relevância deles para a QMC Telecom?
Acompanho de perto esses assuntos e acredito que quase todos estão relacionados à chegada do 5G no Brasil e no mundo. Cada geração de dados móveis trouxe mudanças significativas para o mercado nos quesitos: mobilidade, escala, inserção de dados e velocidade de transmissão.
O que gosto de deixar claro, na minha opinião, é que agora não é apenas “um G a mais”, melhorando um desses quesitos, porém um salto de evolução em vários aspectos – notadamente, velocidade, latência, escala de devices e tempo de bateria. Essa conjunção de novos fatores vai revolucionar vários outros setores da economia, antes não tão afetados assim pela evolução das telecomunicações.
Na agricultura, por exemplo, o 5G será utilizado para verificar as características do solo, as necessidades de um fertilizante ou mais irrigação; tudo isso monitorado por drones e sensores, com processamento de dados rapidamente em nuvem, em tempo real ou muito próximo disso.
Com a nova geração de dados móveis, a tomada de decisão será mais rápida, e mais importante: muito mais acurada, permitindo que o produtor rural tenha acesso às imagens, dados, curvas evolutivas e qualquer outra informação relevante do seu negócio, podendo identificar o problema e aplicar a solução de forma muito mais ágil.
Hoje, apenas 23% do espaço agrícola brasileiro tem algum tipo de conectividade, e mesmo assim somos considerados uma potência no cenário mundial, de acordo com um levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com a USP. Já imaginou o quanto podemos evoluir nesse sentido? A agricultura é só um exemplo. Pense na medicina, educação, mobilidade urbana, etc.
Como neutral hosts, somos grandes especialistas quando falamos em viabilizar infraestrutura de forma inteligente, compartilhável, adequada ao tipo de capital correto para isso, possibilitando que várias operadoras operem em uma única torre, uma única rede indoor ou ao nível da rua, construída com maior velocidade, menor custo e maior robustez técnica e jurídica.
Em 2022, a QMC no Brasil completa 10 anos; como você avalia o crescimento da companhia neste período?
Entrei na companhia em 2013; assim, tenho quase o mesmo tempo da QMC no Brasil. O que vi acontecer neste período é o amadurecimento da companhia e a solidificação dos nossos negócios no País, com investimentos internacionais relevantes e a expansão via novos produtos, aqui e nos outros países em que operamos.
Criamos uma equipe especialista e apaixonada pelo o que faz, que diariamente vive nossos valores, fazendo com que nossas entregas sejam cada vez melhores para os nossos clientes e parceiros. Quase dobramos de tamanho durante a pandemia – isso significou a entrada de muitas novas pessoas – com novos projetos e com gás para “fazer acontecer”. De um crescimento caótico, em ritmo de start-up no início da década passada, passamos para um crescimento estruturado, ainda assim acima do mercado, solidificando cada vez mais nossa posição durante a pandemia.
Ao longo de todos esses anos, tenho muito orgulho de ter contribuído para a expansão e aumento de portfólio da QMC. A sensação é de que essa história está apenas começando – ainda teremos muitas novidades e conquistas em um futuro não tão distante.